De acordo com a Associação Nacional de Varejo Australiana, o país conseguiu reduzir em 80% o uso de sacolas plásticas em apenas três meses e a boa notícia é que a maioria dos australianos não achou muito difícil se adaptar às mudanças.
Por mais incrível que pareça, a medida que conduziu a proposta não partiu do governo, mas sim de uma decisão comercial quando duas das maiores redes de supermercados do país, “Coles” e “Woolworths” decidiram proibir o uso de sacolas plásticas em âmbito nacional. Inicialmente, alguns clientes sentiram no bolso as novas medidas e não se mostraram felizes, pois as redes implementaram a substituição por opções reutilizáveis que são vendidas por 15 centavos de dólar australiano (cerca de 2 reais). Com essa medida, 1,5 bilhões de sacolas deixaram de ser utilizadas em um período de três meses.
Os executivos da Woolworths atribuíram a queda na utilização à proibição de sacolas plásticas – e isso é fantástico para nossos aterros, oceanos e para o meio ambiente, que se tornaram depósitos de lixo para nossos resíduos plásticos. David Stout, gerente de Política Industrial da Associação, aplaudiu o progresso e afirmou que a medida abriu caminho para que empresas menores adotem iniciativas semelhantes, estimulando assim um novo padrão de comportamento dos consumidores.
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A Poluição plástica no mundo
Até hoje foram produzidas cerca de 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde a descoberta deste material, mas apenas 9% disso foi reciclado. Isso significa que tudo que foi produzido até agora ainda se encontra em algum lugar no planeta, e o mais preocupante é que muito dos produtos plásticos fabricados atualmente não são nem realmente recicláveis.
A preocupação com a poluição plástica se tornou global nos últimos anos, diversos produtos de uso único já estão sendo proibidos ou tributados em pelo menos 32 países e podem ajudar a conter o fluxo de produção de lixo plástico, de acordo com a empresa de sacolas reutilizáveis ReuseThisBag.
A crise plástica tem feito crescer a curiosidade e a busca sobre como mudar o estilo de vida. Os resíduos plásticos gerados estão ligados, principalmente, ao consumo de alimentos e bebidas e ao consumo de bens duráveis. Um bom exemplo disso, são as próprias sacolas plásticas. Quando vamos a um estabelecimento qualquer, automaticamente somos condicionados a colocar os produtos que vamos levar dentro de uma ou de muitas. Isso acontece devido a própria cultura estabelecida e, também, ao hábito e as crenças das próprias pessoas. Para se mudar uma cultura, é necessário mudar esses hábitos e crenças. E o primeiro passo é estranhar a realidade a nossa volta, questionando se ela faz sentido. Mudanças nem sempre são fáceis, e precisamos de um tempo para nos acostumar a isso. A boa notícia é que, hoje, há cada vez mais gente disposta a levar uma vida mais sustentável. Mas, será que no Brasil, as redes de supermercados estão dispostas a mudar seus próprios hábitos e cultura?
Algumas iniciativas já existem. Mas por aqui, é via projetos de lei que a mudança está tentando acontecer. Em São Paulo, as sacolinhas foram proibidas, mas parece que depois de algum tempo, tudo voltou ao que era antes. No Rio de Janeiro, sacolas reutilizáveis e biodegradáveis estão tomando lugar nos supermercados.
Apesar disso, é sempre bom lembrar que o consumidor já tem as ferramentas em mãos para evitar as sacolinhas. As próprias caixas de papelão que muitos supermercados oferecem são ótimas alternativas. Assim como ecobags que todo mundo têm em casa, mas esquece de carregar consigo.
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Um dos argumentos de quem é contrário à proibição de sacolas plásticas no Brasil, é o fato de que a população usa as famosas sacolinhas para descarte de seus resíduos e se sua distribuição for proibida, terão que comprar sacos de lixo, caindo no bolso do consumidor a decisão. A questão é que, o preço das sacolas já estão embutidos no custo do estabelecimento e consequentemente, na precificação dos produtos. E o que precisamos de verdade, é que estas sacolas sejam usadas de maneira esporádica, na quantidade suficiente para suprir suas necessidades de descarte de resíduos e não a toda compra em mercados, farmácias e postos de gasolina. Para isso, é necessário que a própria população se policie e tenha voz como consumidor, recusando quando não necessário o uso da sacola.
Outra questão importante, é que, quando priorizamos a redução de nosso lixo, praticando a separação dos recicláveis e a compostagem domiciliar, sobra muito pouco lixo para colocar dentro das sacolinhas e destinar para a coleta municipal.
Fonte: Eco Watch